A resenha do dia 01 de março é sobre o livro Um Pouco de Ar, Por Favor, de George Orwell.
Apesar de ser fã desse escritor, confesso que fiquei um pouco entediada nas primeiras partes do livro, com todas aquelas descrições de locais e tarefas cotidianas, mas na metade do livro percebi a importância delas.
Nosso personagem é o senhor George Bowling, um homem gordo de 45 anos desiludido com o rumo que sua vida levou, dois filhos, uma esposa nada extraordinária e uma casa no subúrbio. Durante a leitura, lá pela metade, realmente me conectei com George, compartilhei de suas filosofias de vida e, apesar de estar agora com 23 anos (uma quase recém-nascida, para alguns), me peguei pensando sobre as coisas que fiz até agora, se realmente fiz coisas que me orgulho, se minha vida está tomando o rumo que eu gostaria e se eu estou onde imaginava estar, quando era uma menina de 13 anos fantasiando a vida.
Em um determinado momento, o personagem questiona se estamos fazendo o que queremos da nossa vida, se estamos nos dedicando tanto quando deveríamos aos nossos hobbies e coisas que realmente nos dão prazer. 95% do nosso tempo como "adultos de verdade" é gasto com trabalhos que não queremos fazer, para pessoas que não se importam e provavelmente reclamarão de como foi feito, tudo para receber no final do mês um ordenado (onde podemos ver, inclusive, que mais da metade do nosso salário foi roubado de nós). Claro que não serei hipócrita e dizer que não me importo com dinheiro, que para mim isso não tem nenhuma importância e sou do tipo que compra os produtos sem nem dar uma olhadinha na etiqueta de preço. Mas até que ponto devemos e podemos nos sacrificar, e sacrificar nossos momentos bons, em prol de qualquer outra coisa?
Óbvio que não se pode simplesmente abandonar as obrigações sociais, abandonar o emprego, mas por qual motivo estamos fazendo isso? Permitindo que 95% do nosso tempo seja desperdiçado com coisas que não queremos fazer enquanto nosso "verdadeiro tempo" (aquele que não se conta no relógio) está escapando pelos nossos dedos como areia? Lembrei de uma frase, que infelizmente não me recordo de quem era ou onde vi, que dizia mais ou menos assim "nunca vi alguém pedir mais dinheiro ou riquezas no leito de morte, mas sim mais tempo".
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