A resenha de hoje é sobre uma das obras do famoso filósofo Jean-Paul Sartre. Essa obra conta com diversos contos em que um muro está presente, tanto literal quanto simbolicamente.
Achei o primeiro conto, a trama de Ibbieta, um dos condenados à morte, sensacional; com um final surpreendente e cômico; que, inclusive, me fez pensar sobre as coincidências da vida e o sentimento de culpa, que por vezes nos obrigamos a carregar sem necessidade. E, ao contrario do que imaginava, me senti totalmente imersa no enredo enquanto a narrativa se desenrolava; senti o desespero e me peguei refletindo sobre quais seriam meus últimos pensamentos e desejos, se é que teria algum, caso me deparasse com a morte, mas não sem aviso em um fatídico dia de verão, e sim com hora e dia marcados; ela, ali, aguardando pacientemente a minha chegada. Haveria algum arrependimento ou apenas uma torpe espera?
Acompanhar a saga de Paul Hilbert foi igualmente envolvente. O segui para todos os lugares indagando se teria coragem ou, como ocorre geralmente, se ele se arrependeria, transpondo o grande muro entre ele e a sociedade, e se tornaria assim o bom e velho vilão arrependido. Um misto de curiosidade e repulsa me tomaram a mente na medida em que conhecia mais de perto nosso personagem principal; é fascinante e assustador como podemos nutrir sentimentos de ódio e repulsa pelas pessoas, por vermos nós mesmos refletidos no espelho, a face que não queremos ver nos confronta, ou por vermos nelas alguém que nos magoou no passado. Somos todos, inegavelmente, vítimas do nosso passado, das pessoas e circunstâncias?
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