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O Monólogo de Mim Mesmo

Foto do escritor: O Blog do ClubeO Blog do Clube

Em parceria com Egberto Santana Nunes, a resenha de hoje é sobre o livro O Monólogo de Mim Mesmo, de M. D. Mocatino.

Já no começo da leitura, acompanhando o nosso querido personagem central, me veio à mente outro queridíssimo personagem: Holden Caulfield, de O Apanhador no Campo de Centeio. E assim como essa leitura anterior, esta também me fez refletir sobre pautas que, analisando meu entorno, ainda estão aqui, apesar de muita conscientização e avanços na área relacionada aos cuidados com a saúde mental. Estamos no mês nove, setembro amarelo e, felizmente ou infelizmente, conversas sobre suicídio têm mais recorrência nesta época do ano, apesar de sabermos que esse assunto está presente durante todo o ano, ou durante toda a vida.

Durante a leitura, percebi que por diversas vezes me identifiquei com o narrador, em suas angústias e questionamentos. Estamos sobrevivendo no modo automático, esperando por uma famigerada sexta-feira onde nossas mentes serão silenciadas e nossos problemas serão resolvidos, magicamente.

Em determinado capítulo, ele nos apresenta a uma lembrança da infância, dentre tantas outras: uma plataforma onde ele e o amigo se encontravam quando crianças; um refúgio de memórias e sentimentos. Me arrisco a dizer que todos têm um local como esse, e me arrisco também a dizer que um dos arrependimentos presentes na mente de quase todos os seres humanos, é que em determinado momento da vida, nos deparamos com o nosso último momento com nossos amigos, e nem nos damos conta disso. Quando foi a última vez que esteve com seus (verdadeiros) amigos de infância? No nosso "mundo adulto ideal", isso não aconteceria dessa maneira.

Devemos nos equilibrar como um equilibrista de pratos em uma apresentação de circo, equilibrar nossas emoções, sentimentos, sensações. E apesar de 99% das vezes não conseguirmos olhar no espelho e conversar com esse outro Eu; temos a "obrigação social" de dar sentido às coisas, justificar o que sentimos e até o que os outros sentem; e em meio a tudo isso, nos deparamos com o apego. Nos apegamos tão fortemente a qualquer resquício de conforto (emocional) que, assim como o personagem principal, algumas vezes temos dificuldade em desapegar de qualquer "treco" que seja (literal e metaforicamente falando). Eu também já tive um objeto desconhecido, e nem por isso menos amado (surgindo como uma paixão repentina), com o qual me apeguei. Não sei dizer como um treco estranho (nesse contexto literário, jogado no meio fio) pode causar tanta comoção. Será que isso se deve ao fato de que uma parte de mim está apegada aos bens materiais, tentando estabelecer conexões quase que iminentes por algo sem vida? Em busca de conforto, ao contrário da sensação de solidão. E assim como nosso ilustre narrador, também deixei o treco para trás e contive minha vontade infantil e até mesmo tosca, de me abalar (tanto) pela despedida de uma coisa qualquer. Pensando bem, quantos trecos já deixamos para trás?

Constantemente, pelo menos acredito que é como deveria ser, estamos fechando e abrindo novos ciclos. É uma luta que não deve, nem pode, ser lutada por outro ser além de nós mesmos. Mas todos sabem que falar é infinitamente mais fácil do que fazer. Você tem lutado suas próprias batalhas?



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