A resenha de hoje é sobre um livro de Paulo Leminski.
Esse livro curto conta a estória de Baita, um menino pobre, filho de camponeses, que um dia encontra um velho sábio, senhor Kutala, que promete lhe ensinar sobre a arte da guerra. Ambos embarcam em uma viagem onde ocorrem diversos infortúnios (com o garoto); situações essas o frustram e o fazem questionar se de fato está aprendendo a história da guerra, como lhe foi prometido (tal como Daniel Larusso em Karatê Kid).
Muito tempo depois da leitura desse livro, ao pensar sobre ele realmente consegui entendê-lo (coisa que não ocorrera na época); quantas vezes focamos no destino ao invés da caminhada? Essa frase e reflexão é pra lá de clichê e certamente encontrou um caminho para sua mente diversas vezes, mas como disse George Orwell em 1984: "Os melhores livros, compreendeu, são aqueles que lhe dizem o que você já sabe". Incontáveis vezes você já sentiu vontade de desistir pensando que não valia a pena, mas caso você desista, não haverá ninguém disposto a lutar por você, infelizmente ou felizmente.
Acredito que o motivo dessa frase soar por vezes tão intragável ao ouvinte é pelo simples motivo de que ela é real, ela é a verdade. Cada um está travando sua batalha e ninguém liga para o outro. A realidade é algo difícil de ouvir e complicada de engolir, principalmente quando toda a sua vida foi formulada e pensada por você, dentro da sua mente, no seu mundo particular e cada vez mais se tornando um futuro perfeito, sem dificuldades e praticamente um mar de rosas, "sem poros e textura" palavras essas que foram ditas em uma parte do livro Fahrenheit 451 e caem bem aqui:
Quanto mais poros, quanto mais detalhes de vida fielmente gravados por centímetro quadrado você conseguir captar numa folha de papel, mais "literário" você será. Pelo menos essa é minha definição. Detalhes reveladores. Detalhes frescos. Os bons escritores quase sempre tocam a vida. Os medíocres apenas passam rapidamente a mão sobre ela. Os ruins a estupram e a deixam para as moscas. Entende agora por que os livros são odiados e temidos? Eles mostram os poros no rosto da vida. Os que vivem no conforto querem apenas rostos com cara de lua de cera, sem poros nem pelos, inexpressivos.
Como está a sua relação com sua própria vida? Ela está como um livro purulento ou uma lua de cera, inexpressiva? Esta sendo fiel ao seu objetivo, seguindo em frente apesar as dificuldades? A verdadeira guerra é aquela que travamos com aquele que nos encara em frente ao espelho, a guerra realmente acontece dentro da gente.
interresante, parabéns.