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Comunidade, Identidade, Estabilidade

Foto do escritor: O Blog do ClubeO Blog do Clube

Atualizado: 14 de jun. de 2022

O livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, se passa em Londres no ano de 2540 onde uma (ainda mais) nova sociedade está sendo criada, onde o slogan do Estado Novo é "Comunidade, Identidade, Estabilidade".

No primeiro capítulo novos alunos são apresentados aos modernos equipamentos e moderna metodologia de produção seres humanos iguais dentre suas castas (Alfa+, Alfa, Beta+, Beta, Gama, Delta ou Épsilon). Humanos são produzidos em larga escala e cada casta tem sua função, todos são felizes dentro delas pois, logo após o nascimento, são colocados dentro de incubadoras onde uma voz suave e acolhedora repetia frases pré-programadas, de como a pessoa é feliz sendo quem é e que deveria se manter em seu lugar:


[...] As crianças Alfas vestem roupas cinzentas. Elas trabalham muito mais do que nós porque são formidavelmente inteligentes. Francamente, estou contentíssimo de ser um Beta, porque não trabalho tanto. E, além disso, nós somos muito superiores aos Gamas e aos Deltas. Os Gamas são broncos. Eles se vestem de verde e as crianças Deltas se vestem de cáqui. Oh, não, não quero brincar com crianças Deltas. E os Epsilons são ainda piores. São muito broncos para saberem ler e escrever. E além disso se vestem de preto, que é uma cor horrível. Como sou feliz por ser um Beta [...]

O enredo gira em torno do personagem Bernard Marx, que apesar de ser da casta Alfa+, a casta mais alta, onde os homens e mulheres são inteligentes, bonitos e de porte atlético, Bernard não possui essas características e sente o peso da exclusão social, se sente solitário, inferior e nutre um sentimento de raiva contra os demais por excluí-lo.

Após ter sido ameaçado pelo seu chefe com a possibilidade de ser mandado para uma ilha remota, decide ir juntamente com Lenina, uma trabalhadora popular e desejável, vão para a Reserva dos Selvagens, onde indivíduos vivem de forma obsoleta, têm filhos de forma natural, mantêm seus laços com familiares e têm religiões. Lá descobrem uma mulher chamada Linda, que era uma moradora do Estado Novo que havia se perdido na reserva e vivera lá desde então. A partir daí, outras coisas surpreendentes acontecem e descobrimos o motivo do livro ter o nome que tem.

Dentre várias coisas que me fizeram refletir, algumas me chamaram mais atenção e me deixaram surpresas com a genialidade do autor. Ele propôs reflexões, por exemplo, sobre o quanto estamos dispostos a pagar pela felicidade. Nesse novo mundo tudo é controlado, existe uma droga chamada Soma, como um alucinógeno, que tem a capacidade de nos transportar para o mundo dos sonhos onde tudo é feliz e não temos que lidar com as infelicidades da vida:


[...]- Lúgubre, Marx, lúgubre. - A palmada no ombro sobressaltou-o, fê-lo erguer os olhos. Era aquele animal de Henry Foster. - Você precisa é de um grama de soma. - Todas as vantagens do Cristianismo e do álcool; nenhum dos seus inconvenientes. "Ford! Tenho vontade de matá-lo!" Mas limitou-se a dizer: - Não, obrigado - e a afastar o tubo de comprimidos que lhe ofereciam. - Podem proporcionar a si mesmos uma fuga da realidade sempre que o desejarem, e retornar a ela sem a menor dor de cabeça e nem sombras de mitologia [...]

[...]Que valor podem ter a verdade, a beleza e o conhecimento quando as bombas de carbúnculo estouram em torno de nós? Foi então que a ciência começou a ser controlada: depois da Guerra dos Nove Anos. Nesse ponto, as pessoas estavam dispostas a deixar controlar até os seus apetites. Qualquer sacrifício em troca de uma vida sossegada. Desde então, nós temos continuado a controlar. Isso não foi muito bom para a verdade, sem dúvida. Mas foi excelente para a felicidade. É impossível obter alguma coisa por nada. A felicidade tem de ser paga [...]

Apesar de grande parte da população achar que seria horrível viver em um mundo como esse, onde as emoções fossem controladas, onde sua vida e as relações humanas "normais" fossem execrados, talvez não houvesse um pouco de beleza nesse mundo? Como quando nos é perguntado se gostaríamos de saber o futuro, saber se nossos planos vão se concretizar ou se devemos mudar o rumo, ter esse poder nas mãos, de poder evitar sofrimento em demasia, não seria algo bom? A vida se resume em eterno sofrimento, ou sofrimento em 90% do tempo? Até onde você esta disposto a ir pela felicidade? Para evitar o sofrimento?



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