A resenha desse dia 28 de fevereiro é sobre o livro Nós, de Evgeni Zamiatin.
Em uma sociedade perfeita, onde a felicidade é matematicamente calculada e existe perfeitamente, onde as pessoas não têm nomes e sim, números. D-503, nosso protagista, narra como é viver em um mundo categórico onde todos são religiosamente felizes, até encontrar I-330, uma mulher, ou melhor, um número, que muda sua vida completamente, como? O fazendo viver.
Nós foi o primeiro livro a entregar para o mundo uma sociedade distópica e foi a fonte de inspiração para outros livros do gênero, como Admirável Mundo Novo e 1984. Uma bem-aventurança perfeita, humanos vigiados e severamente mantidos em uma rotina para garantir que a felicidade fosse alcançada, por meio do artificial. Oprimidos pela mão do Benfeitor, que apenas zelava pela comunidade com sua mão de ferro. As horas do dia eram preenchidas com atividades regradas, apenas uma hora do dia era disponibilizada para que os números a utilizassem como bem entendessem, um desperdício, segundo D-503, as piores coisas que os seres antigos (nós mesmos, aqui, agora) poderiam fazer para minar a felicidade era se jogar de cabeça nas próprias vontades e prazeres, não fazia sentido, era um “selvagem estado da liberdade”.
Nessa narrativa, todos têm horário para comer, horário para dormir, horário para fazer sexo. Por qual motivo não se alcança a felicidade? Durante a leitura, fui envolvida com interrogações sobre o que é a vida e o que garante a felicidade, obtive as seguintes respostas: Não sei o que é a vida e não sei o que é a felicidade, apenas sei que ela é passageira e não garantida. Para a felicidade não há regras. Nada é certo, o sucesso de hoje não garante o sucesso de amanhã, a felicidade de hoje não é uma felicidade iminente que perdurará durante o amanhã e durante o além disso. Talvez por esse motivo a felicidade seja tão amplamente perseguida, por mim também, ela é volátil, escorregadia, escapa pelos dedos como água mas, ao alcançá-la, a vida é inundada pela beleza e pelo doce gosto do ser feliz.
Temos direito de escolha, escolhemos como vivemos, não podemos culpar a mais ninguém, não há "nós" perante uma escolha errada, ou, menos assertiva, somente o individual, o indivíduo, o único.
Uma revolução de números ocorre. Sempre existirá a revolução? "As revoluções são infinitas", como diria I-330. Morreremos felizes durante a revolução? Ou nada vale a morte? Nada vale a pena, se leva a morte? Ou pior do que morrer é estar morto em vida? O que acontece no final?
"No que me transformarei amanhã?”, disse D-503.
Nós foi um livro muito profundo sobre esse sentido de liberdade, ver que o D-503 acredita que a perfeição é matemática, é algo interessante, mas o melhor é ver como a I-330 quebra ele com o simples viver de fator, viver faz a lógica ser só uma teoria!
Esse livro é muito bom, e eu amei sua resenha!